quinta-feira, 29 de maio de 2008

ENTREVISTA - ANTÔNIO MÁS





Antônio Más nasceu em Minas Gerais e vive no Rio de Janeiro. Formado em publicidade, sua vida profissional sempre foi ligada ao cinema. Escreve há tempos, mas só recentemente começou a publicar. Suas experiências no cinema imprimem em seu texto a dinâmicas dos filmes de ação e aventuras.


Fale um pouco de sua trajetória do cinema à literatura.

Foi um caminho de ida e volta. Ainda criança, influenciado pela minha mãe e irmã mais velha, lia muito, de quadrinhos à clássicos, como Machado de Assis, Monteiro Lobato, Clarisse Lispector. Depois descobri Tchecov e principalmente Thomas Mann. Mas também era apaixonado pela imagem e vivia no cinema da minha pequena cidade, vendo bang - bang, Tarzan e todos os filmes que demoravam a chegar, mas um dia passavam por lá. Já adolescente me mudei para Belo Horizonte, onde, na primeira semana entrei no Cine Pathé e vi Noite Americana do mestre François Truffaut. Aí descobri que queria mesmo era fazer aquilo. Comecei com o super 8 e logo estava filmando em 16mm. Mas o prazer maior sempre foi criar as histórias e escrever os roteiros.


Por ter vindo de uma linguagem como o cinema, como você trabalha a imagem na literatura, é o seu ponto forte?

Se ao ler um livro o autor não consegue me fazer ver a cena, fecho e vou ver, ou melhor, ler outro. Então ao escrever, naturalmente procuro ver o que estou descrevendo, e a experiência com roteiros e com a técnica de transformar palavras em imagens, ajuda muito. Interessante que a recíproca, nesse caso, não é verdadeira, num filme, se a cena fica literária o resultado é ruim, falso.


Em Bárbara não quer perdão, seu romance de estréia, você nos apresenta uma história policial que tem como pano de fundo complexos simbólicos. Até que ponto você se utiliza os símbolos para constituir a narrativa?

Não me preocupo em criar uma história a partir de nenhuma teoria, ou simbologia. Neste caso específico, a narrativa se apropriou de um símbolo por ser da natureza da história. Penso que a arte, qualquer que seja sua manifestação, não deve defender teses ou conceitos, que vão aparecer naturalmente. Todas estas informações estão em quem escreve e lê, e tanto de um lado como de outro, gosto de me deixar levar pelo rio narrativo, cheio de surpresas.


Aliás, como surgiu a idéia para fazer o Bárbara não quer perdão?

Veio de um argumento que comecei a escrever para um seriado de tv, ou mesmo um filme. Em geral um argumento tem umas vinte, trinta páginas. Quando me dei conta estava com setenta páginas escritas e muita história ainda pra contar. Tomei fôlego e fui em frente. Quando fechei a narrativa, mostrei para algumas pessoas e todas disseram, isso é um romance. Daí passei alguns meses na carpintaria e decoração do texto, até ter coragem de publicar. Valeu a pena.


E os quadrinhos, o romance já está adaptado para os quadrinhos?

Estamos em negociação e como tudo nesta área, demora muito. Mas é uma idéia que vai vingar. O quadrinho brasileiro está em ascensão e a desenhista, a Lhu Pape é um geniozinho. Aguardemos pois.

Além do HQ, quais os próximos projetos para 2008?

Estou finalizando um outro romance que tem me dado um prazer enorme em escrever e acho que pode ser um sucesso, modéstia às favas. Passa-se em 1990 e o protagonista é um velho projecionista de cinema. Não é policial, mas é cheio de suspense. E tenho pela metade um outro policial com o personagem Zé Silva, um detetive brasileiro. Este personagem, aliás, está pra virar seriado para celular. Haja disposição.

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu li Bárbara não quer perdão e adorei! O autor está certo. É muito prazeroso ler e visualizar personagens, cenários, situações. Antônio Más explora as letras com habilidade. Descreve sem ser cansativo; instiga de maneira inteligente.
Aguardo as novas publicações e estou muito curiosa sobre a HQ.

anap@estacio.br

Vida longa ao escritor mineiro.

Anônimo disse...

Delícia o papo, rapazes... beijos, Tati

Anônimo disse...

Este é o link para o VT do livro disponibilizado no youtube...
http://www.youtube.com/watch?v=ppo-Rlnh4rE

gustavocarmo disse...

Então a descrição completa do cenário e personagem é obrigatória?

Flávio Corrêa de Mello disse...

Gustavo,

No meu modo de ver, em literatura nada é obrigatório e tudo faz aprte do universo, desde que ao lermos um livro, possamos sentir que foi bom.